_ Pensei que você fosse meu amigo.
Ao ouvir isso, o fiscal recolheu silenciosamente a prova do garoto,
e nunca mais o vira.
Ricardo era o melhor da turma, porém, aquilo lhe tornava inferior aos outros alunos: sua lentidão na prova.
Com bons modos, uma aparência um pouco nerd, um olhar delicado e firme, um aperto de mão decidido, e o interesse em descobrir, fazia qualquer "paizão" querê-lo como "filhão".
E aquele fiscal, ao longo do ano, tinha orgulho ao aplicar a prova naquela sala, - havia alguém em especial, alguém que ele desenvolvera um sentimento, era seu amigo caçula.
Pelo menos ele pensava que assim fosse.
As últimas provas chegaram ao fim e os alunos estavam quase de férias. O fiscal já estava livre, pois apartir daquele dia só os alunos esperariam o resultado final. Ele fizera a parte dele.
Como quem espera o filho sair correndo da sala de aula em direção aos seus braços,
o rapaz, de saída, observava ao redor e, de vez em quando, olhava atrás, na esperança de encontrá-lo, poder abraçá-lo e dizer : _ Tudo de bom, cara.
O rapaz tinha-o como filho. Um filho que não planeja a curto prazo, mas mesmo assim, um filho.
Um filho.
Simplesmente pelo dever de não poder "passar cola" para os alunos, ele ouviu uma das piores frases.
Atravessou a rua e caminhou em direção a sua casa, involto em pensamentos.
Quase o mesmo aconteceu com ele hoje, só que de uma forma mais elegante, à maneira adulta. Em uma tentativa fútil de solucionar um problema, ele ouviu de um amigo querido:
_ Precisamos nos afastar, os quatro.
E por último:
_Abraço! - outro.
Sabe uma daquelas pessoas que você encontra por aí, que resplandesce alegria, e você sente como se já a conhecesse há "pencas"... - é, ele conheceu.
E acreditou em uma longa amizade.
- droga.
"Não abandones o velho amigo, porque o novo não será como ele".
terça-feira, dezembro 28, 2010
Eles diferem na idade, mas são os mesmos em pensamentos
11:15
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