terça-feira, dezembro 28, 2010

Eles diferem na idade, mas são os mesmos em pensamentos

_ Pensei que você fosse meu amigo.

Ao ouvir isso, o fiscal recolheu silenciosamente a prova do garoto,

e nunca mais o vira.


Ricardo era o melhor da turma, porém, aquilo lhe tornava inferior aos outros alunos: sua lentidão na prova.
Com bons modos, uma aparência um pouco nerd, um olhar delicado e firme, um aperto de mão decidido, e o interesse em descobrir,  fazia qualquer "paizão" querê-lo como "filhão".

E aquele fiscal, ao longo do ano, tinha orgulho ao aplicar a prova naquela sala, - havia alguém em especial, alguém que ele desenvolvera um sentimento, era seu amigo caçula.

Pelo menos ele pensava que assim fosse.

As últimas provas chegaram ao fim e os alunos estavam quase de férias. O fiscal já estava livre, pois apartir daquele dia só os alunos esperariam o resultado final. Ele fizera a parte dele.

Como quem espera o filho sair correndo da sala de aula em direção aos seus braços,
o rapaz, de saída, observava ao redor e, de vez em quando, olhava atrás, na esperança de encontrá-lo, poder abraçá-lo e dizer : _ Tudo de bom, cara.

O rapaz tinha-o como filho. Um filho que não planeja a curto prazo, mas mesmo assim, um filho.

Um filho.

Simplesmente pelo dever de não poder "passar cola" para os alunos, ele ouviu uma das piores frases.

Atravessou a rua e caminhou em direção a sua casa, involto em pensamentos.


Quase o mesmo aconteceu com ele hoje, só que de uma forma mais elegante, à maneira adulta. Em uma tentativa fútil de solucionar um problema, ele ouviu de um amigo querido:

_ Precisamos nos afastar, os quatro.

E por último:

_Abraço! - outro.

Sabe uma daquelas pessoas que você encontra por aí, que resplandesce alegria, e você sente como se já a conhecesse há "pencas"... - é, ele conheceu.

E acreditou em uma longa amizade.

- droga.


                      "Não abandones o velho amigo, porque o novo não será como ele".


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